“Essas pessoas certamente têm o direito de pensar assim, e têm todo o direito de ter sua opinião respeitada – considerou Atticus. – Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa”. O trecho é de O Sol é para Todos (To Kill a Mockinbird), de Harper Lee, que faz um retrato cru e, ao mesmo tempo delicado das relações entre negros e brancos nos Estados Unidos. Atticus é advogado e precisa defender Tim Robinson numa comunidade extremamente racista. É mais do que um livro sobre tribunais. É também sobre os sabores e dissabores da infância.
O Sol é para Todos me remete a O Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger) por causa do tom memorialista e da voz da narradora, Scout Finch, que brinda o leitor com tiradas engraçadas.
Nascida no estado do Alabama, a norte-americana Nelle Harper Lee foi funcionária de empresas aéreas quando morava em Nova Iorque e contribuiu na elaboração do livro-reportagem A Sangue Frio (In Cold Blood), de Truman Capote.
Em 2014, a autora (1926-2016) assinou acordo com a HarperCollins para lançar e-book e áudio-livro de To kill a Mockingbird. Num informativo distribuído à imprensa durante o lançamento, Lee disse que ainda se considerava da velha-guarda, que gostava da poeira dos livros antigos e das bibliotecas, estava surpresa e grata com a longevidade da obra e comemorou: — “Este é um Mockinbird para a nova geração!”
—- Ah, obrigada, Tetêka rebelde J, por ter me emprestado O Sol é para Todos.